No dia 3 de maio
Armamar festejou 500 anos da atribuição do foral por D. Manuel. Um vasto conjunto de actividades foram um argumento de peso para me levarem a percorrer algumas centenas de quilómetros e ir, pela primeira vez, conhecer esta bonita vila.
O objectivo era não só presenciar algumas das actividades da festa da atribuição do foral, mas também fazer um passeio por algumas aldeias do concelho, como primeiro contacto desta iniciativa "
À Descoberta do concelho de Armamar". Foi com esse espírito que subi pela CM1101, passando por
Santo Adrião e
Vila Seca antes de chegar a
Armamar. Apesar das condicionantes da estrada, muito estreita e assustadora, só os cenários que pude admirar já compensaram a viagem. Não fiz as paragens que queria porque pretendia chegar a
Armamar a meio da manhã, mas foi pena.
Em
Armamar o movimento ainda era pouco. O centro das actividades estava montado na Praça da República, em volta do principal monumento de
Armamar, a igreja matriz. Pude fazer uma primeira volta por todas as barraquinhas, fazer algumas fotografias dos vários personagens que já andavam pela praça. Procurei o posto de turismo na esperança de conseguir alguma informação escrita sobre a vila e sobre o concelho, mas estava fechado. Posso dizer que nada conheço do concelho e qualquer informação era bem-vinda fosse ela geográfica, sobre o património, economia ou cultural.
Antes de almoço ainda houve tempo para percorrer a Av. Dr. Oliveira Salazar e a Rua Florêncio Caetano.
Pensei em comer alguma coisa no recinto das festividades mas optei por entrar um restaurante da vila, bastante lotado com os muitos figurantes. Mesmo assim, fui bem servido e paguei surpreendentemente pouco, com vinho, sobremesa e café! A azáfama do momento não deu para procurar saber alguma coisa sobre a gastronomia local, mas ficará para uma próxima oportunidade.
Segui-se uma visita à igreja matriz. A sua fachada deixa adivinhar um monumento cheio de história, de estilo românico, com construção do séc. XII ou XIII. Os documentos escritos parecem apontar para finais do séc. XII e alguma ligação a Egas Moniz. O interior,mesmo esperado, surpreende pela falta de luz e pela austeridade dos altares. Dada a antiguidade do templo e o facto de ser Monumento Nacional desde 1922 facilmente se compreende que qualquer intervenção tem sido mínima não perturbando o estilo e a sobriedade da história. O facto do padroeiro ser
S. Miguel também aponta para uma grande antiguidade e até sugere a existência de algum castelo.
Não deixa de ser curioso não se encontrar qualquer vestígios de um castelo ou sistema defensivo na vila, que já o é pelo menos desde 1189.
No período da tarde o espaço foi-se animando com muitos figurantes e muitos mais pessoas para assistirem ao cortejo que acompanhou a chegada de D. Manuel e a leitura do Foral.
Faltou talvez um sistema sonoro, mas isso era coisa que não se usava há 500 anos atrás. Como não conhecia ninguém, não me foi possível distinguir quantos dos participantes e figurantes eram naturais do concelho e quantos eram actores, mas todos se portaram lindamente.
As lutas improvisadas em frente à Câmara Municipal, de onde o rei e a corte assistiam, foram um dos momentos altos dos festejos. Sentia-se no mar o ambiente medieval com o som das espadas a chocarem. Depois da luta veio o baile, com música adequada e dançadores trajados a rigor.
Julgo ser a primeira vez que a vila de
Armamar organizou um evento deste género, mas, na minha opinião saiu-se muito bem. A participação das gentes do concelho foi enorme e não faltaram pessoas a assistirem a todas as iniciativas.
Gostava de ter ficado para presenciar o resto das actividades mas também pretendia conhecer um pouco mais do concelho, por isso deixei
Armamar pouco depois das dezasseis horas, com grande vontade de voltar.